Volume XVIII
Número 2 – 2013
Apresentamos com alegria mais um número de Fides Reformata, a revista teológica do Centro Presbiteriano de Pós-Graduação Andrew Jumper. Mantendo o padrão usual, este número oferece seis artigos e três resenhas de livros. Os artigos foram escritos por um professor residente do CPAJ, três professores visitantes, um aluno e um contribuinte externo. No primeiro texto, “O Deus que se revela: a majestade de Deus na criação como premissa teológica, antropológica e ecológica”, Hermisten Costa, partindo de um estudo do Salmo 8.1-9, analisa a majestade de Deus revelada na criação e em especial no ser humano. Ele argumenta que, a fim de ter uma visão correta de Deus, de si mesmo e da criação como um todo, o homem precisa começar com uma adequada compreensão de Deus em sua autorrevelação. O genuíno conhecimento do Ser Divino irá guiar a teologia, a antropologia, a ecologia e a práxis cristã.
No segundo artigo, “O pastor e o discipulado: um apelo aos pastores para resgatarem a mentoria espiritual”, Gildásio dos Reis sustenta que a dinâmica do discipulado, tão esquecida nos dias atuais, não deve ser considerada uma simples opção no ministério pastoral, mas um requisito para um ministério fiel e bem-sucedido. O autor trabalha o tema em termos bíblicos e práticos, tendo em vista o êxito do trabalho pastoral e a edificação do rebanho de Cristo. No terceiro artigo, João Paulo Thomaz de Aquino analisa a segunda multiplicação dos pães e peixes, em Marcos 8.1-9. Ele apresenta as cinco propostas quanto ao significado desse milagre existentes na literatura exegética e argumenta que a solução do impasse está numa síntese de algumas dessas interpretações. Utilizando os recursos da chamada “close reading” (leitura atenta), o autor conclui que Marcos pretende apresentar o próprio Jesus como o pão que satisfaz as necessidades espirituais das pessoas, inclusive dos gentios.
No quarto texto, sobre “Jonathan Edwards e o livre-arbítrio”, Paulo Afonso Castelo analisa o pensamento que o grande teólogo norte-americano articulou a respeito da vontade humana ao refutar o arminianismo e sua defesa do livre-arbítrio. Isso é feito mediante o estudo introdutório de duas obras fundamentais de Edwards, The Freedom of the Will e Original Sin. Em particular, o autor considera dois aspectos controvertidos do pensamento de Edwards: se é compatível com o dos primeiros reformadores e se torna Deus o autor do pecado. O quinto artigo “Correntes ideológicas do século XIX e a religião”, escrito por Wilson Santana Silva, considera diversos movimentos políticos e religiosos existentes em Portugal que foram transplantados para o Brasil até a época do império. Tais movimentos incluem o padroado, o galicanismo, o jansenismo, o regalismo, o ultramontanismo, os oratorianos e os padres do Patrocínio. Também são estudados dois célebres personagens – o Marquês de Pombal e o Regente Feijó.
O último texto desta edição atende à norma de apresentar a cada número da revista um artigo em outro idioma. Ralph Boersema, ex-missionário no Brasil, é o autor do estudo “Original righteousness”, que aborda a justiça que Adão recebeu ao ser criado e que fazia parte da imagem de Deus nele presente. O autor argumenta que o primeiro homem não foi chamado a alcançar justiça mediante a prática de obras, mas a preservar a posição correta que recebeu na criação como uma dádiva. A prova a que foi submetido não foi um meio para alcançar a justificação, porque ele foi considerado justo desde o início. Seu propósito foi servir como um instrumento de crescimento espiritual, como ocorreu na vida de Jesus. Alguém precisa ser justo antes que possa praticar a justiça. Na verdadeira justiça, fé e obras estão unidas. Quando o Novo Testamento as contrasta, ele está distinguindo entre dois princípios incompatíveis: salvação mediante a fé em Cristo e sua obra expiatória x justificação por meio de obras de justiça própria.
No final da revista, o leitor irá encontrar as resenhas de três obras publicadas no Brasil em anos recentes: José Carlos Piacente Júnior analisa Bruxaria global: técnicas da espiritualidade pagã e a resposta cristã (2011), organizada por Peter Jones; Ângelo Vieira Silva aborda Paixão pela verdade: a coerência intelectual do evangelicalismo (2007), de Alister McGrath, e Éverton Wilian dos Reis considera A missão do povo de Deus: uma teologia bíblica da missão da igreja (2012), de C. J. H. Wright. Desejamos aos nossos leitores uma experiência rica e estimulante ao tomarem contato com esses materiais.
Dr. Alderi Souza de Matos
Editor Assistente