Volume XVII
Número 2 – 2012
Cada número da revista Fides Reformata representa um esforço tremendo tanto por parte dos autores, no sentido de apresentar material de bom nível acadêmico e comprometido com a fé cristã reformada, como por parte dos editores, a quem compete a seleção dos artigos apresentados e a revisão de estilo, do formato e da escrita.
Esse desafio é cada vez maior considerando a reputação de Fides adquirida ao longo dos seus 16 anos de existência. A presente edição não destoa do caráter geral da revista. Aqui o leitor encontrará, como sempre, material de boa qualidade confessional e acadêmica.
O primeiro artigo é a sequência da série de Heber Carlos de Campos, “A graça preveniente na tradição arminiana/wesleyana”, no qual ele conclui sua argumentação. O autor complementa o que escreveu no primeiro artigo com alguns outros elementos importantes sobre a “graça preveniente” na tradição arminiana/wesleyana, mostrando os problemas com esta teoria em contraste com a posição calvinista.
Marcone Bezerra Carvalho estreia como colaborador de Fides Reformata trazendo um artigo sobre Émile-G. Léonard, uma referência internacional nos estudos relacionados ao protestantismo. O mestrando Marcone oferece, objetivamente, uma apresentação biobibliográfica desse historiador que permaneceu menos de três anos no Brasil, mas que escreveu uma obra ainda hoje insuperável em termos de análise da igreja evangélica brasileira.
O artigo “Um estudo comparativo entre as propostas ético-sociais de H. Dooyeweerd e N. Wolterstorff” é da pena de José Carlos Piacente Júnior. Trata-se de uma análise comparativa do pensamento desses dois influentes pensadores reformados quanto ao modelo bíblico para normatizar a teoria social e propor a sua prática. O artigo apresenta os contornos elementares da ética social dos dois autores, examina o conceito de shalom idealizado por Wolterstorff e o contrapõe ao mandato cultural presente na filosofia dooyeweerdiana.
Uma interessante e provocativa análise histórica sobre o papel da distribuição de Bíblias nos inícios da evangelização do Brasil é feita por Micheline Reinaux de Vasconcelos em “Das sociedades bíblicas aos colportores: a distribuição de textos protestantes no Brasil (1837-1920)”. A autora aborda três das principais estratégias de difusão desses impressos em terras brasileiras, a saber, a ação das sociedades bíblicas, o trabalho realizado por missionários e, particularmente, a atuação dos colportores, estando estes entre os principais responsáveis por difundir no interior do Brasil a Bíblia, o Novo Testamento, livros e folhetos editados por órgãos protestantes.
Na área pastoral nos deparamos com a excelente contribuição de Gildásio Jesus Barbosa dos Reis sobre “Revitalização de igrejas: pressupostos teológicos básicos”, no qual ele apresenta cinco pressupostos que devem nortear uma filosofia bíblica de revitalização de igrejas, oferecendo, assim, princípios bíblicos e teológicos para ajudar a evitar o erro do pragmatismo, tão comum quando o assunto é crescimento de igrejas.
Por fim, temos o artigo em inglês de Adriaan C. Neele, professor na Universidade de Yale, intitulado “Jonathan Edwards (1703-1758) and the nature of theology” [Jonathan Edwards (1703-1758) e a natureza da teologia]. A proposta do ensaio é que a investigação que Jonathan Edwards fez quanto à natureza da teologia seguiu a linha do escolasticismo protestante e que ele se apropriou de modelos anteriores da teologia católica e clássica, trazendo-os para o contexto da Nova Inglaterra do século 18.
Três obras são resenhadas neste número da Fides Reformata. André Leonardo Venâncio faz uma descrição analítica do conteúdo de “Em guarda: defenda a fé cristã com razão e precisão”, do famoso apologeta evangélico William Lane Craig. Craig é um dos mais famosos defensores da fé cristã vivos. Seus dois doutorados – em filosofia e teologia, sob a orientação de John Hick e Wolfhart Pannenberg, respectivamente – foram voltados para a apologética, sua paixão e vocação. Nessa obra, Craig fala ao cristão que busca se comunicar com incrédulos ou fortalecer a própria fé contra as tentações do intelecto. O tom é simples e didático, podendo ser digerido pelo leitor atento mesmo quando trata dos temas mais difíceis.
A segunda obra é “Olam: crônicas de luz e sombras”, de L. L. Wurlitzer, o pseudônimo de Leandro Lima, autor brasileiro, pastor presbiteriano. O livro, que segue o estilo das sagas O Senhor dos Anéis (J. R. R. Tolkien) e Harry Potter (J. K. Rowling), é analisado por João Paulo Thomaz de Aquino e Wirlei Vieira de Souza. “Olam” é o primeiro volume das Crônicas de Luz e Sombras, previstas para serem contadas em quatro volumes. Este é o primeiro livro de fantasia do autor, que escreveu também Razão da Esperança e O Futuro do Calvinismo, entre outros livros.
Ainda na parte das resenhas, Wadislau Martins Gomes analisa a obra de Benjamim Wiker e Jonathan Witt, “Um mundo com significado”, publicada pela Editora Cultura Cristã. O tema do livro é que o universo é pleno de significado. Escrito por um teólogo hábil em ciência e outro teólogo hábil em literatura, o livro “abre-nos as janelas do mundo para que observemos a genialidade de Deus, que, pela graça comum, perpassa a história do gênio humano”.
Boa leitura!
Dr. Augustus Nicodemus Lopes
Editor Geral de Fides Reformata