JONATHAN EDWARDS – BIOGRAFIA

Jonathan Edwards nasceu em uma família puritana, em 5 de outubro de 1703, na cidade de East Windsor, em Connecticut, EUA. Ele foi o quinto de onze filhos gerados pelo casal Rev. Timothy e Esther Edwards. Sua educação infantil o introduziu não apenas no estudo da Bíblia e da teologia cristã, mas também nos clássicos e nas línguas antigas.

Seus anos de estudo

Durante seus primeiros anos de estudo (1716-1720), e durante seus estudos de graduação (1721-1722) no Yale College, Edwards se engajou em todo tipo de questões contemporâneas, tanto na teologia quanto na filosofia. Ele estudou os debates entre o calvinismo ortodoxo de seus antepassados puritanos e os movimentos mais “liberais” que o desafiavam, o deísmo, o socinianismo, o arianismo e o arminianismo anglicano, bem como os pensamentos mais atuais vindos da Europa, como o empirismo britânico e o racionalismo continental. Desde o início de sua vida, Edwards comprometeu-se a defender suas crenças diante dos eruditos estrangeiros do iluminismo mediante a reformulação do calvinismo de um modo novo e vital que sintetizava a teologia protestante com a física de Newton, a psicologia de Locke, a estética do terceiro conde de Shaftesbury e a filosofia moral de Malebranche.

Em Yale, Edwards escreveu quase exclusivamente sobre a filosofia da natureza e a metafísica. Simultaneamente com o grande idealista inglês George Berkley, ainda que distinto dele, Edwards formulou um sistema metafísico que era idealista, destinado a desafiar o aristotelismo. Edwards rejeitou as especulações de Hobbes e de Descartes acerca da natureza da realidade e da substância nos modos que antecipavam a física teórica. Sua metafísica também tinha um componente singularmente estético; para Edwards, beleza era um aspecto essencial de uma entidade, a qual subsistia na harmonia ou conformidade de suas partes. Esta abordagem continua a instruir a ética moderna.

Começando o pastorado

Em 1726, Edwards sucedeu seu avô, Solomon Stoddard, como pastor da igreja em Northampton, Massachusetts, a maior e mais influente igreja fora de Boston. Mudando sua atenção das atividades teóricas de seus anos em Yale para questões mais práticas, ele casou-se com Sarah Pierpont, em 1727. Jonathan e Sarah se conheceram em New Haven, oito anos antes, quando ela tinha 13 anos de idade, mas não se casaram senão oito anos mais tarde. Eles geraram dez filhos em Northampton.

Primeiro Grande Avivamento

Em 1734-1735, Edwards supervisionou algumas das agitações iniciais do Primeiro Grande Avivamento. Ele ganhou fama internacional como avivalista e “teólogo do coração” após publicar A Faithful Narrative of the Surpising Work of God (Uma Narrativa Fiel da Surpreendente Obra de Deus – 1738), na qual descreveu o avivamento em sua igreja e serviu de modelo empírico para os avivalistas americanos e britânicos.

Os difundidos avivamentos das décadas de 1730 e 1740 estimularam um dos dois períodos mais frutíferos dos escritos de Edwards. Neste período, Edwards tornou-se melhor conhecido como um pregador avivalista que subscrevia uma interpretação experimental da teologia reformada que enfatizava a soberania de Deus, a depravação da humanidade, a realidade do inferno e a necessidade de uma conversão de “novo nascimento”. Enquanto os críticos atacavam as convicções de muitos supostos convertidos como ilusória e, até mesmo, obra do diabo, Edwards tornava-se um brilhante apologista a favor dos avivamentos. Em The Marks of a Work of the Spirit of God (As Marcas de uma Obra do Espírito de Deus, 1741), Some Thoughts Concerning the Present Revival (Alguns Pensamentos Acerca do Presente Avivamento, 1742), A Treatise Concerning Religious Affections (Um Tratado Acerca das Afeições Religiosas, 1746), e The Life of David Brainerd (A Vida de David Brainerd, 1749), ele procurou isolar os sinais da verdadeira santidade da falsa crença. A estrutura intelectual do avivalismo que ele construiu nessas obras inaugurou uma nova psicologia e filosofia das afeições, mais tarde invocadas por William James em seu clássico Varieties of Religious Expirience (1902).

“O primeiro e maior filósofo americano nativo”

Perry Miller, o grande expositor da mente da Nova Inglaterra e fundador da edição de Yale das Obras de Jonathan Edwards, descreveu Edwards como o primeiro e maior filósofo americano nativo. Se o estudante penetrar por trás da linguagem técnica da teologia, argumenta Miller, “ele descobrirá uma inteligência que, tal como a de Emerson, Melville ou Mark Twain, é tanto um indicador da sociedade americana quanto um comentário sobre ela.” Embora os editores de Edwards do século 19 tenham “refinado” seu estilo por vergonha de sua linguagem simples, realista e enérgica, hoje, Edwards é reconhecido como um retórico muito hábil e sofisticado e como um perito pregador. Estudiosos literários conectam os princípios psicológicos de Edwards à sua ênfase na retórica como meio de evocar respostas emocionais, mais prontamente vista no mais famoso sermão da história americana, Sinners in the Hand of na Angry God (Pecadores nas Mãos de um Deus Irado, 1741). Eles também apontam para Images or Shadows of Divine Things de Edwards (Imagens ou Sombras das Coisas Divinas, publicado por Miller em 1948) como uma aplicação inovadora da tipologia que antecipou o transcendentalismo ao incluir a natureza como fonte de revelação.

Os escritos de Edwards publicados em Northampton também refletem forte milenarismo e interesse profético. Em A History of the Work of Redemption (Uma História da Obra da Redenção), originalmente pregado como uma série de sermões, em 1739, mas não publicado senão depois de sua morte, Edwards lança a teologia para dentro de “um método inteiramente novo” ao mostrar a obra de Deus como uma história estruturada nas promessas escriturísticas de Deus e nos períodos de derramamento do Espírito. An Humble Attempt to Promote ... Extraordinary Prayer (Uma Humilde Tentativa de Promover ... Oração Extraordinária, 1747) foi parte de um movimento maior em direção aos “pactos de oração” anglo-americanas, e foi uma contribuição importante para o pensamento milenarista. Estudiosos, como Alan Heimert, reconhecem o sinal de importância dessas obras na história americana, particularmente sua contribuição para a ideologia revolucionária.

Em 1750, a igreja de Edwards o demitiu de Northampton, após ele tentar impor sobre sua congregação qualificações mais rigorosas para a admissão aos sacramentos. Preocupado com o fato de que a política de “admissão aberta”, instituída por Stoddard, havia permitido a entrada de muitos hipócritas e incrédulos na membresia da igreja, ele se envolveu em uma amarga controvérsia com sua congregação, ministros da região e líderes políticos. Sua demissão é frequentemente vista como um ponto decisivo na história colonial americana, visto que ela marcou uma rejeição clara e final do antigo “estilo Nova Inglaterra”, construído pelos colonizadores puritanos da Nova Inglaterra. Em seu estudo sobre Northampton durante o pastorado de Edwards, Patricia Tracy descreveu as forças sociais e políticas em ação na cidade como um reflexo de forças econômicas, sociais e ideológicas maiores que reformavam a cultura americana naquela época. Ironicamente, então, o teólogo colonial que melhor antecipou a forma intelectual da moderna América, também foi sua primeira vítima. A luta de Edwards contra essas forças encontra-se registrada em muitos sermões manuscritos que estarão disponíveis no site, por meio do Centro Jonathan Edwards, em Yale.

Uma missão posterior

De Northampton, Edwards foi para o posto missionário de Stockbridge, na fronteira ocidental de Massachusetts, onde serviu de 1751 até 1757. Aqui ele pastoreou uma pequena congregação inglesa, foi missionário entre 150 famílias moicanas e mohawks, e onde escreveu muitas de suas principais obras, incluindo as dirigidas à “controvérsia arminiana”. A principal entre elas foi A Careful and Strict Inquiry into the Modern Prevailing Notions of the Freedom of Will… (Uma Cuidadosa e Rigorosa Investigação das Noções Modernas Prevalecentes sobre a Liberdade da Vontade..., 1754), na qual ele tentou provar que a vontade era determinada pela inclinação do pecado ou da graça na alma. Este livro, uma das mais importantes obras no pensamento ocidental moderno, estabelece os parâmetros para o debate filosófico sobre a liberdade e o determinismo que ocorre no século e meio seguinte. Também foram escritas durante este período The Great Christian Doctrine of Original Sin Defended (A Defesa da Grande Doutrina Cristã do Pecado Original, 1758), na qual Edwards afirmou que toda a humanidade tem uma propensão natural para o pecado devido a sua “unidade constitucional” em Adão; e os dois principais manifestos sobre ética, The Nature of True Virtue (A Natureza da Verdadeira Virtude) e The End for Which God Created the World (O Fim para o Qual Deus Criou o Mundo, publicados postumamente, em 1765).

Embora Stockbridge tenha provido algum refúgio para Edwards, ele não podia evitar a notoriedade. No final de 1757, ele aceitou a presidência do College of New Jersey (mais tarde, Universidade de Princeton). Durante o tempo em Princeton, Edwards esperava completar, pelo menos, mais dois tratados importantes, um que mostraria “The Harmony of the Old and New Testaments” (A Harmonia do Antigo e do Novo Testamentos), e o outro que seria um experimento na narrativa teológica, um tratado expandido sobre “The History of the Work of Redemption” (A História da Obra da Redenção). Contudo, ele não viveu para completar estas obras. Após uns poucos meses em Princeton, ele morreu, em 22 de março de 1758, após complicações provenientes de uma vacina contra varíola. Ele encontra-se sepultado no Cemitério de Princeton.

Tirado de:

edwards.yale.edu/research/about-edwards/biography

Tradução: Paulo Corrêa Arantes

Revisão: Dr. Heber Carlos de Campos Jr.