Outros documentos confessionais


Ao longo desta série foram abordados cerca de vinte dos documentos confessionais mais significativos da fé reformada, desde os Sessenta e Sete Artigos de Zuínglio até os padrões da Assembléia de Westminster, cobrindo um período de 125 anos (1523-1648). Muitos outros deixaram de ser contemplados em virtude de sua menor influência, escopo mais limitado ou inclusão de outras ênfases teológicas. É oportuno citar os seus nomes e breves informações sobre alguns deles. Ainda associados a Zuínglio, podem ser mencionados os seguintes: Breve Introdução Cristã (1523); Confissão de Fé para o Imperador Carlos V (1530), também conhecida como Fidei Ratio, e Exposição da Fé Cristã (1531), dirigida ao rei Francisco I, da França. Outras confissões zuinglianas foram a Confissão dos Pregadores da Frísia Oriental (1528), o Pequeno Catecismo de Leo Jud (1535), os Dez Artigos de Lausanne (1536), de Guilherme Farel, e a Confissão Rética (1552), de uma região dos Alpes Suíços.

 

Devido aos conflitos com o luteranismo, os reformados alemães foram pródigos na elaboração de confissões: Confissão de Nassau (1578) – uma resposta à Fórmula de Concórdia luterana; Consenso de Bremen (1595) – que marcou o estabelecimento do calvinismo nessa cidade; Confissão de Anhalt (1597); Confissão e Catecismo de Hesse (1607); Confissão de Bentheim (1613) – texto simples e não-polêmico escrito por ordem de um conde presbiteriano; Confissão de Sigismundo(1614), eleitor de Brandemburgo, na Prússia – afirmação de fé pessoal de um príncipe que havia sido educado como luterano;Declaração de Thorn (1645) – apresentada a uma conferência de representantes luteranos, reformados e católicos convocada pelo rei da Polônia.

 

Na Europa Oriental, podem ser apontados os seguintes textos: na Hungria, a Confissão de Debreczen e a Confissão de Tarczal-Torda, ambas de 1562 e ligadas ao reformador Peter Melius, o “Calvino húngaro”; na Polônia, o Consenso de Sendomir (1570) – de caráter melanctoniano, produzida por calvinistas, luteranos e irmãos boêmios; e na Boêmia (Checoslováquia), a Confissão da Boêmia (1609), contendo vinte capítulos em forma quase catequética e apresentada a vários soberanos. Associados à Grã-Bretanha, alguns documentos destacados foram a Confissão da Congregação Inglesa de Genebra (1556) e os Artigos Irlandeses de Religião (1615), escritos pelo bispo James Ussher, que incorporaram a teologia calvinista dos Artigos de Lambeth (1595) e exerceram grande influência sobre a Confissão de Fé de Westminster.

 

Finalmente, merecem ser mencionados alguns documentos de outras tradições protestantes que sofreram forte influência da teologia reformada: os Quarenta e Dois Artigos (1553), do arcebispo anglicano Thomas Cranmer; os Trinta e Nove Artigos (1563); a Confissão Valdense (1655) – redigida no Piemonte durante um massacre dos valdenses e baseada na Confissão Galicana de 1559; a Declaração de Savoy (1658), redigida por 120 representantes de igrejas independentes (congregacionais), entre os quais John Owen e Thomas Goodwin, que se basearam na Confissão de Westminster; e a Segunda Confissão Batista (1677), também apoiada na Confissão de Westminster. Um documento surpreendente foi a Confissão de Fé do patriarca Cirilo Lucar (1631), de Constantinopla, repleta de idéias calvinistas. A última declaração doutrinária reformada do século 17 foi a Fórmula Helvética de Consenso (1675), associada a Francisco Turretino e outros teólogos, que rejeitou os ensinos da Academia de Saumur, mas teve pouca aceitação fora da Suíça. Essa grande quantidade de textos dá um eloqüente testemunho sobre o impacto da teologia reformada nos séculos 16 e 17.