Volume XVI

Número 1 – 2012

 

A presente edição da Fides Reformata traz artigos somente de professores residentes e visitantes do Centro Presbiteriano de Pós-Graduação Andrew Jumper. Desta feita, a ênfase temática recaiu sobre a área de estudos bíblicos.

Tenho o privilégio de abrir este número com um artigo sobre os evangelhos intitulado Por Que Não Aceitamos os Evangelhos Apócrifos. Nele, procuro mostrar as razões pelas quais a igreja cristã historicamente tem rejeitado esses evangelhos. O artigo define o termo “evangelho” e apresenta uma classificação dos evangelhos em canônicos e apócrifos, após fornecer uma descrição de cada grupo. O foco do artigo é a atitude da igreja apostólica para com os evangelhos apócrifos e as razões para a sua crescente aceitação em círculos liberais na busca do Jesus histórico. Dois evangelhos apócrifos recebem maior atenção, os evangelhos de Judas e de Tomé. Após uma análise dos mesmos, o artigo resume os motivos pelos quais eles e os demais apócrifos sempre foram rejeitados pela igreja.

Héber Campos oferece uma análise penetrante do arminianismo no artigo A Graça Preveniente na Tradição Arminiana/Wesleyana. Esse artigo é apenas a primeira parte da abordagem que Dr. Heber faz ao tema. Ele começa argumentando sobre a importância da doutrina da graça preveniente para o arminianismo, analisa a fundamentação filosófica e teológica desse conceito e aponta para a saída que o sistema arminiano usou para se ver livre das acusações de sinergismo provenientes do calvinismo: a graça preveniente é uma espécie de via média para fugir tanto do pelagianismo como do calvinismo. O artigo é extremamente esclarecedor.

O artigo The Meaning of “Mystery” in Romans 11:25, escrito por Daniel Santos, cumpre nosso alvo de ter um artigo em inglês a cada número. Dr. Daniel investiga o significado da palavra “mistério” no argumento de Paulo em Romanos 11.25. O principal objetivo do autor é demonstrar a importância de se avaliar a estrutura retórica do contexto argumentativo antes de se decidir quanto ao significado de palavras-chave como “mistério”. Após analisar o fluxo do argumento em Romanos 9 a 11, o Dr. Daniel apresenta uma proposta de estrutura retórica de Romanos 11.25-26 que se conecta com a estrutura maior e, finalmente, apresenta uma proposta para o significado do termo “mistério”.

Wilson Santana Silva contribui neste número com um artigo sobre As Matrizes Acadêmicas do Pensamento Brasileiro: Comte e Marx. Nesse trabalho, o Dr. Wilson apresenta o estabelecimento do positivismo e do marxismo no Brasil como “ações políticas” que por sua vez produziram duas abordagens teóricas, o positivismo e o materialismo histórico, que vieram a ser amplamente utilizadas nos centros acadêmicos do nosso país para a compreensão dos processos históricos de diversas sociedades. O artigo nos permite entender a raison d’être da predominância de uma leitura marxista da realidade na academia brasileira.

A passagem bastante conhecida de Gênesis 50.20, “vós, na verdade, intentastes o mal contra mim; porém Deus o tornou em bem”, é revisitada por Mauro Fernando Meister no artigo Deus Tornou o Mal em Bem? Uma Avaliação da Tradução de Gênesis 50.20. O autor procura mostrar, usando Gênesis 50.20 como estudo de caso, como as tendências teológicas afetam a tradução das Escrituras. De acordo com o Dr. Mauro, muitas traduções têm uma forte orientação teológica que prepondera sobre o sentido natural do texto, seguindo tendências teológicas, e assim não podem ser consideradas teologicamente neutras. E isto quer a tradução do texto bíblico seja feita por um indivíduo ou por uma equipe de tradutores.

Valdeci Santos encerra este número com o texto O Que é e Como Fazer “Revisão da Literatura” na Pesquisa Teológica. Aqui, ele mapeia as etapas do processo de pesquisa acadêmica, tais como a determinação da problemática do estudo, o levantamento da bibliografia relacionada ao tema do estudo, a leitura e documentação da bibliografia selecionada, o processamento dos dados encontrados, a formulação lógica dos argumentos e, finalmente, a redação do texto. Esse excelente artigo deve ser lido por todos aqueles envolvidos em pesquisa e na produção de textos teológicos acadêmicos.

Na seção de resenhas, a conhecida e consagrada Apologética Cristã de Cornelius Van Til, recém-publicada pela Editora Cultura Cristã, é avaliada por José Carlos Piacente Júnior. João Paulo Thomaz de Aquino analisa o livro de Gilbert Meilaender, Bioética: Uma Perspectiva Cristã, obra da editora Vida Nova lançada em 2009 e que tem se tornado uma referência no assunto. Vlademir Hernandes nos oferece suas avaliações da obra O Ministério Pastoral Segundo a Bíblia, organizada por John Armstrong. Finalmente, Gladston Cunha analisa O Discípulo Radical, último livro de John Stott.

Portanto, este número é bastante rico e amplo, tratando de assuntos relevantes e esclarecedores. É mais uma edição da Fides Reformata que promove a fé cristã reformada em seu viés acadêmico-teológico.

 

Boa leitura!

Dr. Augustus Nicodemus Lopes
Editor