O fato é que o envolvimento de um pastor com a atividade missionária da igreja depende de sua teologia sobre Deus e de sua perspectiva sobre o ser humano. Além do mais, o entendimento destas áreas está sujeito ao conhecimento bíblico que o mesmo possui. Por exemplo, a revelação bíblica sobre Deus é que ele é absolutamente soberano, sábio e comprometido com sua criação. A mensagem missionária teve sua iniciativa no próprio Deus que amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho (Jo 3.16). Desta forma, qualquer pastor que tem sua prática ministerial fundamentada na revelação bíblica de Deus invariavelmente será comprometido com o mundo de Deus, sua obra redentora e sua mensagem salvadora. De certa forma, toda negligência à atividade missionária pode estar vinculada a uma teologia errônea sobre Deus.
O comprometimento com a atividade missionária da igreja ainda depende da compreensão que a pessoa tem sobre o ser humano. O ensino bíblico neste caso é que o homem é um pecador, destituído da glória de Deus, condenado à perdição eterna se não se arrepender dos seus pecados e crer em Cristo como o único Salvador. Paulo, em seu ministério apostólico, afirmava esforçar-se para anunciar o evangelho a fim de que as pessoas se convertessem das coisas vãs e se voltassem para o Deus vivo (At 14.15). O homem sem Deus é considerado filho da ira e está sem esperança de Deus no mundo (Ef 2.12). Somente a mensagem do evangelho é poderosa para transformar “filhos da ira” em “filhos de Deus”. Logo, qualquer pastor que tiver uma perspectiva correta sobre a humanidade estará comprometido com o anúncio do evangelho e a prática missionária da igreja cristã.
O que um pastor poderia fazer para se envolver com missões?
Primeiramente ele poderia manter uma agenda sistemática de intercessão pela obra missionária. Há várias informações sobre povos não-alcançados, sobre campos missionários e, especialmente, sobre o contexto no qual o próprio Deus o colocou como pastor. Assim, o vínculo criado pela intercessão logo será transmitido em suas conversas, sermões e atitudes em geral. Depois, ele pode manter o compromisso de pregar periodicamente sobre o assunto. A Bíblia está repleta de subsídios a este respeito. Há textos que indicam a importância da prática missionária, outros desafiam a um maior envolvimento e ainda outros descrevem as bênçãos advindas desse comprometimento. Quando a igreja ouve o seu pastor pregando periodicamente sobre um assunto ela se convence de que o mesmo é importante!
Em terceiro lugar, o pastor ainda pode convidar missionários para compartilhar suas experiências do campo com a igreja local. Há muitos pastores que temem fazer isto com receio de que os missionários abusem de oportunidades como estas para pedir dinheiro. Quando o pastor é escrupuloso com questões financeiras ele sempre teme que o seu rebanho seja explorado nesta área. Todavia, por mais que tal cuidado seja louvável, o mesmo não deve ser um empecilho à exposição do rebanho às experiências maravilhosas do cuidado e graça de Deus com os seus servos missionários. Neste sentido, há ainda a possibilidade de motivar algumas famílias da igreja a convidar missionários para almoços e jantares. Alguns pais ficariam admirados em observar o quanto seus filhos podem aprender com estes encontros.
Finalmente, tanto o pastor quanto o restante da liderança de uma igreja local poderiam se oferecer para experiências pessoais em campos missionários. Hoje em dia há várias oportunidades de viagens missionárias de curta-temporada, de auxílios prestados a igrejas no interior, de viagens evangelísticas em determinadas regiões do país. O propósito destas experiências é expor seus participantes a uma realidade que eles só conhecem através de relatos verbais ou escritos. Embora o tempo seja curto em algumas dessas viagens, nunca se deve desprezar o dia de pequenos começos. Vários pais poderiam se alegrar no Senhor com os resultados espirituais de terem doado suas férias para missões!
Enfim, motivar a igreja local para o envolvimento missionário é parte essencial da tarefa dos pastores e líderes, pois eles também são ovelhas do Bom Pastor. A responsabilidade de pregar o evangelho pertence a todos os servos de Jesus, pois somente assim é possível interpretar que o consolo e companhia que ele prometeu até a consumação dos séculos diz respeito a cada um desses servos (Mt 28.18-20).
Aqueles que desejam o consolo devem abraçar a responsabilidade!
Texto publicado originalmente no informativo pastoral da IPB.